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Animes

A Filosofia por Trás do Tédio do Herói Mais Forte

Bruno Mendes
Última atualização: às 09:06 de 14/06/2025
Bruno Mendes
PorBruno Mendes
Bruno Mendes é o tipo de cara que pode debater Tarantino e Hideo Kojima na mesma conversa. Fã de carteirinha de cultura pop e cinema, ele...
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8 minutos para leitura
saitama o heroi entediado
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“E se derrotar todos os inimigos com um soco não fosse uma bênção, mas uma condenação existencial?”
A pergunta paira sobre Saitama, protagonista de One Punch Man. Enquanto a maioria dos heróis de shōnen luta para superar limites, ele sofre pelo oposto: não há obstáculo a ultrapassar. Sua força absoluta expõe um paradoxo raramente explorado em histórias de ação — o vazio que nasce quando já não resta prova alguma de valor. Ao examinar esse tédio por meio do existencialismo, do absurdo e do niilismo, descobrimos que o anime mais debochado da última década oferece reflexões dignas de seminários filosóficos, servidas com timing cômico de primeira.

Entre o soco perfeito e o vazio

No mundo de One Punch Man, monstros colossais aparecem semanalmente, cidades viram pó em minutos e rankings de heróis determinam prestígio social. Saitama, porém, atravessa tudo isso sem esforço; seu lendário “socão” encerra as lutas antes mesmo de a trilha sonora subir. O resultado é um ser humano preso num platô existencial: ele não precisa treinar, não teme a morte e não carrega traumas familiares. O tédio que sente não é preguiça — é a consciência de que “não existe motivo para lutar” quando toda batalha já nasce vencida.


Existencialismo: liberdade em excesso também oprime

Jean-Paul Sartre descreveu o ser humano como “condenado à liberdade”. Saitama encarna essa condenação no plano físico: se nada o ameaça, todas as escolhas se tornam banalmente equivalentes. Mesmo assim, ele continua levantando às oito, comprando cebolinhas em promoção e assistindo televisão — mais por hábito que por necessidade. Surge, aí, o dilema central do existencialismo: o sentido não é dado; deve ser criado. Quando Genos pede a receita de sua força, Saitama responde: “Treinei até perder todos os fios de cabelo.” A piada embute uma verdade sartreana: não há essência pré-definida, apenas ação e responsabilidade pelos próprios atos.


Camus e o absurdo na careca reluzente

Albert Camus via em Sísifo — condenado a empurrar eternamente uma pedra morro acima — metáfora do absurdo humano: buscamos coerência num universo silencioso. Saitama é um Sísifo invertido: a pedra dele rola sozinha até o topo. As lutas terminam antes de começar e o herói volta para casa sem catarse. Em vez de revolta, manifesta bocejos. Quando finalmente enfrenta Boros, vilão capaz de aguentar mais de um golpe, seu entusiasmo dura minutos. Camus propunha aceitar o absurdo e, ainda assim, imaginar Sísifo feliz; One Punch Man sugere algo similar: rir do próprio tédio é um ato de revolta serena contra a falta de sentido.


O niilismo bate à porta dos heróis

Friedrich Nietzsche descreveu o niilismo como a crise que surge quando os valores supremos perdem sentido. O sistema de “classes” da Associação de Heróis — de C a S — pretende atribuir propósito ao combate, mas Saitama, relegado à Classe C, prova que o ranking é fachada. Ele salva a Terra, mas recebe pouca fama. O contraste denuncia a fragilidade dos sistemas de reconhecimento e ecoa o famoso “Deus está morto”: instituições às quais damos significado são criações coletivas e, portanto, passíveis de falência simbólica. Quando Genos lamenta a injustiça, Saitama responde: “Não ligo para classificação; só sou herói por diversão.” É o antídoto niilista — recusar o jogo de pontuação.


Tédio como crítica ao mérito e à performatividade

Vivemos numa era saturada por métricas — KPIs, likes, maratonas de produtividade. A performance de Saitama ridiculariza essa obsessão: ele monopoliza o papel de “salvar o dia” e torna o esforço alheio obsoleto. Surge então o “vazio pós-métrica”: se a vitória pode ser automatizada, por que tentar? A série satiriza não só heróis de shōnen que evoluem de arco em arco, mas também nossa cultura de hustle infinito. O tédio do protagonista funciona como espelho distorcido: projeta, até o exagero, a sensação cotidiana de competir em maratonas cujo pódio talvez nem exista.


Possíveis saídas: amizade, ironia e cuidado banal

Saitama não enlouquece porque cultiva micro-propósitos: colecionar cupons, proteger o Bairro Z, cozinhar nabe no fim de semana. A ética prática de Aristóteles sobre eudaimonia — florescer nas pequenas virtudes — aparece quando o herói vibra ao encontrar algas secas em oferta. Enquanto a macro-missão (derrotar vilões) perdeu sabor, recompensas modestas reacendem lampejos de alegria. Sua ironia constante reforça a recomendação camusiana de abraçar o absurdo com leveza: rir da própria situação, não sucumbir a ela. E a amizade com Genos, King e Bang mostra que vínculos humanos continuam sendo uma das formas mais eficazes de produzir sentido.


O espelho para o leitor: e se você fosse invencível?

Para o público, Saitama serve como experimento mental. Ao imaginar-se com poder infinito, o fã percebe que realização surge do percurso, não do resultado. É o mesmo paradoxo de estudantes que sentem vazio horas depois de passar no vestibular ou profissionais que estranham a calmaria pós-promoção. A série canaliza esse sentimento universal, convertendo-o em piadas visuais e silêncios incômodos: basta lembrar da cena em que Saitama destrói um meteoro gigante e, segundos depois, discute os estragos no preço do aluguel.


Aplicações acadêmicas: do mangá à sala de aula

Cada vez mais, professores de humanidades usam One Punch Man como porta de entrada para temas densos. Debates sobre Camus ganham vida ao serem ligados ao episódio em que Saitama derrota o Rei do Mar Profundo e retorna para casa resmungando de fome. O mangá oferece exemplos concretos para dissertações sobre niilismo prático: como agir quando nada possui importância objetiva? Também serve de crítica cultural: o que acontece quando o ideal de “ser o melhor” confronta um atalho que elimina o esforço? O caráter lúdico do material facilita o diálogo em seminários e TCCs, aproximando a teoria de uma geração acostumada à linguagem dos quadrinhos.


Conclusão: sentido além do soco

A trajetória de Saitama evidencia que poder absoluto sem propósito gera tédio absoluto. O existencialismo aponta a necessidade de criar valores próprios; o absurdo convida a rir da busca por lógica onde ela não existe; o niilismo questiona os sistemas que fingem medir grandeza. Ao reunir essas correntes em um protagonista aparentemente simples, One Punch Man prova que entretenimento e reflexão não são opostos. Na próxima vez que Saitama obliterar um vilão com um único golpe, talvez você se pergunte: “Qual será o meu soco invencível — e ele basta para me deixar feliz?”


Fontes consultadas

  • ONE & Yusuke Murata, One Punch Man (mangá, 2012-presente)
  • Madhouse & J.C.Staff, One Punch Man (anime, 2015/2019)
  • Jean-Paul Sartre, O Ser e o Nada (1943)
  • Albert Camus, O Mito de Sísifo (1942)
  • Friedrich Nietzsche, A Vontade de Potência (pós-hum.)
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Bruno Mendes é o tipo de cara que pode debater Tarantino e Hideo Kojima na mesma conversa. Fã de carteirinha de cultura pop e cinema, ele também é um gamer nato. Entre em contato por [email protected]

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